Acriação de MARIA surge na sequência de um trabalho desenvolvido pelo Teatro do Vão de adaptação de obras — sejam clássicas, modernas ou contemporâneas — nas quais o foco incida sobre as mulheres. Esta adaptação de um texto de Tóibín parte da necessidade de falar sobre o luto e da condição de uma mulher em luto recente. Trata-se de um monólogo pensado para qualquer espaço e para qualquer público: há uma mulher-mãe, mulher só, que experimentou a morte recente de um filho (como Maria, mãe de Jesus, no texto de Tóibín) e ela fala-nos directamente a partir do seu lugar de memória e de dor; dá vazão à sua necessidade de comunicar, mesmo quando essa comunicação vem de um lugar fragilizado; reflecte sobre processos de transferência e sublimação da dor, sobre processos de aceitação em contínua dialéctica com processos de resistência. E nas reflexões da personagem descobrem-se as várias formas, os vários vultos que o luto pode tomar; redescobre-se a nossa necessidade de continuarmos a lembrar para continuarmos a existir.

DANIEL GORJÃO frequentou o ensino secundário na vertente de Artes Dramáticas, no C.E.F., e a Escola Superior de Teatro e Cinema. Tem o Mestrado em Comunicação e Arte pela FCSH. Em 2003 ingressa na Companhia do Teatro Politeama. Em 2010, funda o colectivo Rosa74 Teatro onde cria e dirige o espectáculo um dia dancei SÓ dancei um dia, vencedor do prémio “Emergentes” TNDMII \ Festival de Almada. Em 2012 passa a dirigir o Teatro do Vão, estrutura com a qual colabora com: TNDMII, São Luiz Teatro Municipal, Teatro Municipal do Porto, 23 Milhas, CNB, entre outros. É o responsável pela programação de artes performativas da RTP2, desde 2016.