Obra-prima do teatro do século XX, Mãe Coragem e seus filhos é por muitos tida como a mais notável denúncia do belicismo em todo o repertório teatral. Concebida desde 1938, quando Brecht estava exilado na Dinamarca, e escrita (com a ajuda de Margarete Steffin) no Outono de 1939, em cinco febris semanas, já depois de se mudar para perto de Estocolmo, a peça consiste numa reacção directa à invasão da Polónia pelas tropas nazis, e numa denúncia de quantos, nos países neutros, esperavam poder lucrar com os negócios de guerra. A ‘Mãe Coragem’ do título, um dos grandes papéis do repertório teatral, é uma tendeira que, com a sua carroça, acompanha o progresso de um regimento do exército sueco pela Polónia, Alemanha e Itália durante a devastadora Guerra dos Trinta Anos, procurando assim fazer prosperar os seus negócios. Os seus três filhos, que ela procura preservar das matanças que testemunha à sua volta, serão, um após outro, vítimas dessa selvajaria – e vítimas da ganância da mãe. Estreada em Abril de 1941, em Zurique, Mãe Coragem estrearia em Portugal em 1986, no Teatro Nacional D. Maria II, com Eunice Muñoz no papel titular.

Um dos maiores dramaturgos do século XX, o alemão Bertolt Brecht (1898-1956) revolucionou a muitos títulos o teatro europeu, cunhando conceitos como ‘teatro épico’ e ‘efeito de estranhamento’, aplicados a um corpus de obras criado ao longo de cerca de 35 anos. Fundou o famoso Berliner Ensemble (1949), cuja peça de estreia foi justamente a Mãe Coragem.