Remédio é a oitava peça de Enda Walsh sobre a qual se debruçam os Artistas Unidos. A essas, acrescem o ‘sketch’ Lyndie tem uma arma (que Walsh dedicou aos AU) e duas instalações da sua série Quartos, de teatro imersivo. Ou seja, uma presença fertilíssima na programação recente da companhia! No caso de Remédio (Medicine, no original), que os AU estrearam a 16 de Novembro de 2023, lemos tratar-se de uma peça obscura, absurda e grotesca, “meditação tocante e cómica sobre a ‘doença mental’”. É, aliás, a mais recente peça do autor irlandês, escrita em 2019-20 e estreada em Agosto de 2021, no Festival Internacional de Edimburgo. Um livro que historiza a psiquiatria na Irlanda, um vídeo no Youtube e o caso da sua própria mãe (num lar, com Alzheimer) foram os ‘motores’ de Remédio. Em palco, duas actrizes de teatro musical que trabalham numa instituição psiquiátrica e um seu paciente. E um baterista (que apenas toca). Sobre as personagens, diz Walsh que “tentam perceber por que são como são” e que “estão ligadas a estruturas, regras e modos de vida que as transformaram em almas isoladas e disfuncionais”. Esta peça, diz, “é sobre a ausência de amor” e, correndo em fundo, assim espera, está “a responsabilidade de cuidarmos adequadamente uns dos outros, em particular dos que são vulneráveis”.

Nascido em Dublin, em 1967, Enda Walsh afirmou-se como dramaturgo, encenador, guionista e libretista (de três óperas), com uma carreira internacional de já 25 anos e obra traduzida em 20 línguas, que já lhe valeu um Tony, além de vários outros prémios.