Mel Lisboa - Tributo a Rita Lee
- Distrito de Lisboa
- | Concelho: Lisboa
21 de Janeiro a 22 de Janeiro
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Incrivel Almadense - Salão de Festas, Rua Sociedade Filarmónica Incrível Almadense, Almada, Portugal
Todas as manhãs, bem cedo, uma mulher libanesa faz jogging pelas ruas de Beirute. Esta é a premissa de Jogging, peça-monólogo da libanesa Hanane Hajj Ali estreada em 2016, em Beirute, e que reincide no Festival de Almada, depois de ter sido escolhida pelo público em Julho de 2023 para regressar este ano. Para esta mulher, o jogging matinal é terapia, sonho, devaneio, liberdade. E sobrevivência. Enquanto corre pelas ruas da sua cidade, tem oportunidade para reflectir sobre a condição feminina na sociedade em que se insere e sobre a corrupção intestina que compromete a viabilidade do país que é o seu, numa contínua troca (tal a contínua inspiração/expiração durante a corrida) entre o seu mundo interior e o mundo exterior. No decurso da corrida, Hanane, além de si própria, encarna a Medeia clássica (cujo sofrimento produz identificação, e catarse, tal como no teatro grego) e duas concidadãs suas, que são emanações modernas dessa personagem trágica: Yvonne e Zahra. Além de uma referência à morte e à nota de suicídio de Virginia Woolf. Tudo servido com uma linguagem directa e lúcida; e com humor, que é arma e é esperança.
Hanane Hajj Ali nasceu em 1958, em Baabda, cidade histórica, hoje contígua a Beirute. Autora, actriz de teatro (estreou-se em 1978) e cinema, e pedagoga, é desde sempre uma activista cultural e artista empenhada em expôr e denunciar os tabus e os mecanismos que bloqueiam os direitos das mulheres nas sociedades árabes e/ou muçulmanas. Recebeu em 2020 o Prémio da Liga das Mulheres Profissionais de Teatro.